Essas outras Crianças!



Quando abraças teu filho, no conforto doméstico, fita essas outras crianças que jornadeiam sem lar. 

Dispões de alimento abundante para teu filho se mantenha em linha de robustez. 

Essas outras crianças, porem, caminham desnorteadas, aguardando os restos da mesa que lhes atiras, com displicência findo o repasto. 

Escolhes a roupa nobre e limpa de que teu filho se vestira, conforme a estação...

Todavia, essas outras crianças tremem de frio, recobertas de andrajos. 

Defendes teu filho contra a intempérie, sob teto acolhedor, sustentando-o à feição do joia no escrínio. 

Contudo essas outras crianças cochilam estremunhadas, na via publica, quando não se distendem no espaço asfixiante do esgoto. 

Abres ao olhar deslumbrado de teu filho os tesouros da escola. 

E essas outras crianças suspiram debalde pela luz do alfabeto, acabando, muita vez, encirradas no cubículo das prisões, á face da ignorância que lhes cega à existência. 

Conduz teu filho a exame de pediatras distintos, sempre que entremostre leve dor de cabeça. 

Entretanto essas outras crianças, minadas por moléstias atrozes, agonizam em leitos de pedra, sem que mão amiga as socorra. 

Ofereces aos sentidos de teu filho a festa permanente das sugestões felizes, através da educação incessante. 

No entanto essas outras crianças guardam olhos e ouvidos quase sempre sintonizados no lodo abismal das trevas. 

Afaga, assim, teu filho no trono familiar, mas desce ao pátio da provação onde essas outras crianças se agitam em sombra ou desespero e ajuda-as, quanto possas! 

Quem serve no amor do cristo sabe que a boa palavra e o gesto de carinho, o pedaço de pão e a peça de vestuário, o frasco de remédio e a xícara de leite operam maravilhas. 

Proclamas, a cada passo, que esperas, confiante, o esplendor do futuro, mas, enquanto essas outras crianças chorarem desamparadas, clamaremos em vão pelo mundo melhor. 

Emmanuel 

Médium: Francisco Cândido Xavier 

Livro: “Religião dos espíritos”


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